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Como eu era antes de você

ATENÇÃO! CONTÉM SPOILERS
Gostaria de deixar aqui minhas impressões sobre o filme “Como eu era antes de você”.
Minha irmã diz que eu deveria parar de ficar analisando os filmes e simplesmente assistir e fim, pra decepção dela eu não consigo. Então ai vai minha reflexão.


Temos no filme Will e Louisa, ele tetraplégico privado de sua antiga, feliz, cobiçada vida de homem rico, bonito e livre. Ela uma jovem de cidade pacata, sem muitas ambições, vida monótona, pobre, desacreditada até mesmo por sua família. Suas vidas se encontram quando ela é contratada pra ser cuidadora dele, contrato de 6 meses já que ele tinha decidido se suicidar após esse tempo, isso mesmo, ele escolheu fugir dessa “vida que não era dele” e optou pelo suicídio assistido. Louisa quando descobre isso, tenta de todas a maneiras dar um novo sentido a vida de Will, pra ver se ele muda de ideia. Por fim ele não muda e se mata de forma “linda” com trilha sonora e tudo (coisas de filme).

Louisa amou Will e tentou converter sua escolha com amor; ela fez o que pode. Ele escolheu o egoísmo, de certa forma ignorou o amor, não era a cadeira que o prendia, mas a sombra de uma vida passada que não mais poderia ter; não do jeito que ele queria. Will também amou Louisa e quis que ela descobrisse o mundo e descobrisse a si mesma, fez de tudo pra ela acreditar e viver intensamente a única vida que tinha, ela se permitiu e ao que parece ela escolheu viver seus sonhos, mesmo sabendo das consequências dessa escolha.

O filme não tem caráter religioso, Will não teve um encontro com o amor de Deus, mas com o amor de Louisa. Ele manteve sua decisão baseada nos prazeres que lhe foram “roubados”, escolheu aliviar seu sofrimento da maneira mais fácil e aparentemente única. Nessa aventura de ser de Deus quantas vezes nós também não fazemos essa mesma escolha, de tirar nossa própria vida? Talvez não a vida física, afinal isso é errado, mas tiramos a vida da nossa alma, escolhemos ignorar o amor de Deus diante do sofrimento que passamos, das nossa cruzes, e nos rendemos aos prazeres e facilidades do mundo que aos poucos vão matando nossa alma.

Não sei o que você, que está lendo esse texto tem vivido, só sei que o chamado é para todos “Tome a sua cruz e siga-me!” Mt 16, 24, foi assim sofrendo e morrendo que Jesus salvou o mundo.

Não é fácil encontrar forças para enfrentar o sofrimento e podemos ser tentados a achar que Will fez a escolha certa de se livrar logo da dor. Eu posso afirmar sem medo de errar que a única escolha certa é o Amor, ele é o valor maior, pode não nos livrar do sofrimento e da dor, mas nos ajuda a enfrentá-los e superá-los.

Que o Bom Deus nos abençoe e o Espirito Santo nos conduza nesse caminho rumo ao céu único lugar onde a alegria é sem nuvem¹.


Apesar de já ter revelado o final, o filme é bonito de ver, tem uma trilha sonora legal, paisagens lindas, atores igualmente lindos e talentosos, pelo entretenimento vale o ingresso. Mas, só pra deixar claro, toda aquela maquiagem e beleza não tira a feiura da eutanásia². 







¹. Santa Teresinha do Menino Jesus
². Encíclica “Evangelium Vitae” (Evangelho da Vida) do Papa João Paulo II ensina que a eutanásia “é um ato gravemente imoral, porque comporta a recusa do amor por si mesmo e a renúncia aos deveres de justiça e caridade para com o próximo, com as várias comunidades de que se faz parte, e com a sociedade no seu conjunto”

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